Los Angeles: História e Patrimônio Geológico no coração da cidade

Geoleitores,


Hoje vou falar um pouco sobre uma atração de Los Angeles que não vejo nos roteiros convencionais.


Todo mundo que vai à cidade busca entrar no clima do cinema, com visitas a calçada da fama e alguns estúdios em Hollywood, procura lugares badalados onde se pode encontrar algumas celebridades, vai conhecer as lindas casas de Beverly Hills com a Rodeo Drive e suas lojas chiquerrérrimas e, claro correm para Santa Mônica pra curtir as praias e as lindas ruas com lojas e restaurantes charmosos.


Simmm, nós fizemos tudo isso e foi fantástico. Mas lógico que incluí no roteiro um Geodestino, e vou falar um pouquinho dele agora.


Bom, todo mundo diz que uma vez em Los Angeles, ou nos EUA de modo geral é preciso alugar um carro. No meu caso viajei com minha filha de 15 anos e como era a primeira vez que ia pros EUA, sozinha e com ela tive receio de alugar logo um carro de cara. Ouvi gente falando que o trânsito de LA era insuportável, que não se achava estacionamento e que era tudo muito caro. Enfim, bolei uma estratégia para curtimos a cidade a pé e de ônibus.


1º Escolhi um Hotel bem central, na região de Hollywood entre a Sunset e a Hollywood Blv (Quality in). 2º Comprei tickets para aquele ônibus de turismo o Hop-on Hop-off (Compramos o da Starlines), então foi super tranquilo porque ele faz várias rotas, então escolhíamos uma por dia, ao todo foram 3 dias. Pegamos táxi apenas duas vezes, uma voltando da Universal à noite porque ficamos para o Halloween horror nights e a segunda para ir até a locadora pegar o carro.


Bom, é óbvio que nada se compara a ter a liberdade de estar de carro e não depender dos horários dos ônibus, pois eles têm hora de chagada e saída em cada ponto. Digo isso, porque na metade da viagem alugamos um carro para ir à outra cidade (Próximo post) e realmente a liberdade é indiscutível. Mas para aqueles que dizem que é impossível fazer alguma coisa em LA sem carro, eu digo que pode sim, com limitações, mas dá!


Vamos lá, esse passeio eu já desejava desde a minha primeira disciplina de Geologia Geral ministrada. Então encaixei no roteiro e foi nossa primeira rota, no primeiro dia em LA. Pegamos o Hop-on Hop-Of e escolhemos a rota vermelha, descemos na parada que fica o LACMA (Museu de Arte moderna) e o La Brea Tar Pits, nosso GEOdestino de hoje!!!


O La Brea fica no Hancock Park (Bairro residencial) na esquina da Wilshire Blvd com a S Curson Ave, a área é bem grande e com muito verde, onde cientistas recriaram o habitat de plantas do pleistoceno, que eles chamam de jardim pré-histórico, com vegetais que existiam ali entre 10.000 e 40.000 anos (Ver: Jardim Pleistocênico).


Há no complexo algumas áreas que continuam sendo escavadas, o jardim pleistocênico, o Page Museu com um laboratório de paleontologia visível ao público, uma sala de projeções e uma lojinha de souvenir e a grande lagoa asfáltica com réplicas de mamute e mastodonte americano em tamanho original (Mapa do Complexo). 


Já na entrada o visitante terá o prazer de ver de perto uma “Lagoa Asfáltica”. Nessa região há algumas dezenas de milhares de anos havia várias dessas lagoas, de onde emergem a partir de fendas encontradas nas rochas esse tipo de betume asfáltico, chamado popularmente de piche.  Nos períodos de chuvas essas lagoas eram preenchidas por uma camada de água, que não se misturava com o betume. Era como se formasse uma piscina em cima da outra.

Lagoa Asfáltica, com detalhe para replica de mamutes (Fauna Pleistocênica)

Page Museu

Nessa época, chamada no período geológico de “Pleistoceno”, existiam animais enormes que chamamos hoje de Megafauna, são animais que viveram durante a ultima era do gelo (Sim, tem tudo haver com o filme a Era do Gelo). A fauna era composta assim como no filme, de Mamutes, Preguiças Gigantes, Tigres dente de Sabre, Tatu gigante, entre outros. Hoje, são encontrados inúmeros fósseis desses animais dentro dessas lagoas. Além de animais de médio porte e microfauna também.


E por que isso aconteceu?


Bom, como eu falei anteriormente, ao chover formava uma poça de água, poeira e folhas sobre esse óleo, um material que era bem pegajoso ou viscoso, assim pode-se dizer. Só que esses animais não conseguiam enxergar o que havia embaixo da água, então quando eles entravam na “água” para banhar-se ou beber eles ficavam presos no betume, e ali morriam. Esses animais permaneceram no mesmo local durante milhões de anos e começaram então a ser encontrados a partir da ocupação da área.


Outra curiosidade, é que é possível ver o gás metano emergindo em forma de bolhas, a impressão que dá é que a piscina está fervendo (No detalhe da foto abaixo é possível ver as bolhas de gás). Esse óleo foi utilizado durante muito tempo pelos nativos americanos como cola e para impermeabilizar fundos de cestos. Depois com o avanço da civilização o óleo foi utilizado como combustível e na impermeabilização de telhados.

Setinhas indicam a liberação do gás metano

Nós não fizemos o Parque todo, pois havia outras coisas ainda para vermos aquele dia. Mas cumprimos com o roteiro programado:


1 - Observamos a lagoa asfáltica, com as réplicas da fauna pleistocênica. 2 - Conhecemos o museu e vimos o laboratório onde os paleontólogos trabalham. 3 -  Visitamos a lojinha e compramos umas lembrancinhas pros amigos. 4 - Comemos uma salada de frutas ao ar livre no jardim, vendida por um mexicano super simpático (Não estava no roteiro, mas foi uma grata surpresa).

Exposição no Page Museu

Laboratório de Paleontologia, onde é possível observar os pesquisadores manipulando os fósseis.

Lojinha de souvenir 

Frutas frescas para uma tarde quente de outono.

Depois disso, seguimos a pé para o Farmers Market (um mercado público a céu aberto onde você encontra desde frutas frescas a comida asiática e norte e latina americana) e o The Grove (Um complexo com várias lojas ao lado do Farmers Market, super charmoso).

Uma das entradas do Farmers Market

Fonte de água dançante no The Grove


Ficou curioso? Quer saber mais sobre a história do La Brea? Acesse: Linha do Tempo

E sobre os fósseis: Fósseis


Fico aqui com mais um Geodestino. Até o próximo post...


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