Caros Geoleitores,
Hoje começarei uma série sobre o
Chile, mais precisamente na Região da Araucanía, que se localiza aproximadamente
no centro – sul do país. Como o nome já diz, é uma região rica em Araucárias,
mas também conhecida por seus lagos e vulcões.
Fiz esta viagem ao Chile após um
simpósio sobre Patrimônio Geológico realizado em San Martín de Los Andes na
Argentina, acompanhada por três amigos chilenos, ou seja, estava completamente
em casa e pude conhecer tudo sob a ótica de quem vive “o lugar”.
A capital da Região é a cidade de
Temuco, nela estão inseridos alguns Parques, como o Parque Nacional Conguillio.
Há também o Geoparque Kutralkura (Aspirante a Rede Global de Geoparques – GGN),
que tem como um dos idealizadores o Manuel Schinling, geólogo e amigo que
guiava nossa “pequena expedição” (rs), além do Diego Bravo e da Isabel Gueiro
que também fazem parte do projeto. Ou seja, como eu disse: Estava em casa!!!
Um Geoparque possui uma proposta
diferente de um Parque Nacional, por exemplo, seus pilares de sustentação estão
baseados no patrimônio geológico, na educação e no desenvolvimento econômico
local, onde a comunidade inserida deve ser a grande beneficiada com o projeto.
(Projeto Geoparques - CPRM)
Saímos de San Martín pela manhã com
destino a Melipeuco (Chile), não sei como, mas acabamos nos desligando um pouco
do caminho e fizemos um percurso maior que o esperado, chegando ao nosso
destino só no final do dia, mas isso não foi um problema, pois acabamos parando
e conhecendo vários lugares legais.
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Algum lugar da Argentina |
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Parque Nacional Laguna Blanca - Neuquén/Argentina |
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Mais um lugar lindo - Frio e muito vento. |
Entramos no Chile pelo passo Pino Hachado. Já em Melipeuco ficamos numa pousada
super agradável a "Hospedaria e Agrocamping Relmucura”, aqueles lugares que você
se sente em casa, sabe? Aonde você circula, vai pra cozinha e fica batendo papo
com a proprietária. Bom, já chegamos à noite e com muita névoa, então não puder
ver o que havia no entorno da pousada.
Mas, imaginem vocês que todos
diziam que eu teria uma enorme surpresa ao acordar, pois o quarto que fora
reservado pra mim tinha uma janela de vidro enorrrrme e ficava de frente para o
vulcão Llaima. Ou seja, meu corpo estava cansado, mas minha cabeça não parava
de pensar no danado do vulcão.
Para quem não conhece o Vulcão
Llaima, ele está inserido no Parque Nacional Conguillio e é um dos vulcões
mais ativos do Chile, aos seus pés estão cidades como Melipeuco e Curacautín. Possui
um cone vulcânico principal e tem aproximadamente 3.200 metros de altitude.
Entre 1640 e 2008 foram registradas 48 erupções. Entre as mais fortes estão a
de 1751, 1903, 1927, 1944-1946, 1979, 1994 e o ultimo ciclo eruptivo entre 2007
e 2009.
O principal perigo que o vulcão
representa em suas erupções são as formações de “Lahares” destrutivos, que são
materiais vulcânicos como rochas, cinzas, púmice e água (muitas vezes provenientes do degelo causado pelo calor das erupções) que se misturam e escorrem pelos
rios e vales a grandes velocidades.
Gente, sou do Nordeste, moro na
praia, no calor medonho. Estou acostumada com
paisagens totalmente diferentes do que estava por vir. Acordei inúmeras vezes para ver se já havia amanhecido e só então lá pras tantas que
abri os olhos e ali estava ele: lindo, perfeito, imponente, branquinho, coberto
de gelo. Nossa!
Olha, nessas horas eu choro,
sorrio, faço uma oração e agradeço a Deus a oportunidade de poder viver esse
tipo de emoção e antes de tudo, de ter sensibilidade para me emocionar com
essas maravilhas da natureza. Ele é
simplesmente maravilhoso!
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Foto do quarto com o imponente Llaima ao fundo |
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Janela da sala |
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Fachada da Hospedaria Relmucura |
Desci, tomei um “desayuno”
fantástico, com direito a geleia, torta e suco de amora fresquinha feitos pela
proprietária que é uma fofa e já esteve no Brasil, mais precisamente no Ceará
conhecendo o Geoparque Araripe.
Bom, os meninos estavam
envolvidos nos projetos de infraestrutura do Geoparque, então ficaram
trabalhando na pousada e eu aproveitei para dar uma volta na cidade que é uma
coisa de aconchegante, tudo muito limpo, as pessoas muito educadas, mas bem
pequena também. Dei umas voltas, tirei fotos, falei com algumas pessoas e
voltei encantada para a pousada.
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Municipalidade de Melipeuco |
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Alerta vulcânico nas ruas de Melipeuco |
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Siempre hay alguien para sacar una foto - Llaima ao fundo :) |
Além da Geodiversidade e de seu
Patrimônio Geológico, Melipeuco tem fortes raízes indígenas, os índios que
habitavam e ainda habitam essa região são os Mapuches, então a culinária é um
patrimônio cultural importante para eles. É um produto turístico que precisa
ser apreciado por todos que visitarem a região.
Claro que não pude deixar passar
e fomos a um restaurante regional (El Ruco), apreciar a culinária Mapuche. Eu realmente
não sabia o que escolher, então deixei por conta do pessoal. Bom, veio um prato
típico com uma panqueca recheada com pinhões e um tipo de fungo (cogumelo), uma
carne de boi e um tipo bolinho de massa, acompanhado de um molho e algumas
ervas.
Eu gostei muito da comida, agora
confesso que a panqueca recheada eu estranhei um pouco, por causa do “cogumelozinho”
(esqueci o nome do danado), ele é um pouco pegajoso. Nada demais, só estranhei
(rs). Quem já chupou mangaba, sabe que fica aquela coisinha meio pegajosa nos
lábios né? Pronto, é mais ou menos isso.
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Fachada do El Ruco |
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Prato típico Mapuche |
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cogumelo que esqueci o nome, prometo perguntar aos amigos Chilenos :) |
Bom gente, saindo do El Ruco
seguimos rumo ao centro de visitantes do Parque Nacional Conguillio por uma das GEOrutas do Geoparque Kutralkura passando por alguns Geossítios, ou seja, os elementos ou a paisagem que compõem o Patrimônio
Geológico dessa região.
Massssss...irei continuar essa viagem em
um próximo post para que não fique muito cansativo pra vocês.
Só pra deixar vocês com o gostinho de próximo post vai uma foto da próxima parada...
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Geossítio Llaima - Primeiro Geossítio visitado. Tudo que vocês vêem em escuro são rochas provenientes das lavas do Llaima na erupção de 1571. No canto esquerdo é possível ver um mirante de onde se pode contemplar o Llaima. |
Geosaudações,
Thaís Guimarães
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